Pe. Deolino Pedro Baldissera, sds

Todos ouvimos falar de Santo agostinho, do século IV, que viveu em Hipona, África. Em suas “Confissões” relata a experiência de sua vida e suas buscas para preenchê-la de sentido. Teve uma longa luta para encontrar-se. Tinha um coração inquieto que não lhe dava sossego em suas aventuras. Dedicado à oratória, foi aluno e professor, gostava de divertir-se e gozar a vida do seu jeito sem muita responsabilidade. Gerou um filho Adeodato, vivia com uma concubina.  Sua mãe, Monica, mulher de fé e oração não se cansava de rezar por sua conversão. No final da vida alcançou a graça que insistentemente pedia a Deus, a conversão do filho. Santo Agostinho que até sua conversão de santo não tinha nada, só a insatisfação com aquilo que havia encontrado. Um dia em meio a seu desespero ouviu uma voz que lhe dizia “pega e lê”. Achou que a voz lhe convidava a pegar as cartas de Paulo que estavam sobre a mesa. Leu:  “comportemo-nos honestamente, como de dia, não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem desonestidades, nem dissoluções, nem em contenda e inveja. Mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo e não tenhais cuidado com a carne em suas concupiscências” (Rom 13,13-14). Encontrou a resposta que buscava, reencontrou-se consigo mesmo e com Deus, de quem dissera mais tarde : “tarde te amei”! “Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu, fora. E aí te procurava e lançava-me nada belo ante a beleza que tu criaste. Estavas comigo e eu não contigo. Seguravam-me longe de ti as coisas que não existiriam, se não existissem em ti. Chamaste, clamaste e rompeste minha surdez, brilhaste, resplandeceste e afugentaste minha cegueira. Exalaste perfume e respirei. Agora anseio por ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz”.

A conversão de Agostinho, nos mostra que Deus está sempre próximo de nós, mesmo quando nos distanciamos dele por caminhos tortuosos. Se dermos ouvido ao que há no fundo do coração (a inquietação que há lá) vamos perceber a sede que há nele que só se sacia com um encontro pessoal que vai além de nossas mazelas e buscas egoístas.

Oxalá, mesmo que tarde, possamos encontrá-lo antes que cai de vez a escuridão e nos deixe sem saída.

Com Agostinho possamos clamar: “ó luz e verdade do meu coração, que as trevas em mim não gritem mais alto! Errei, mas voltei, lembrei-me de vós. Eis que volto à fonte, cansado e sedento. Não sou eu minha vida, pois por mim vivi mal; mas em vós eu renasço!”

Renascer em Deus é último desejo e mais profundo que grita dentro de nós. Ninguém encontrará a verdadeira paz longe Dele. Ame-o mesmo que seja tarde mais ainda em tempo.

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