Umas das palavras mais usadas nos relacionamentos interpessoais é certamente amor. Com ela se faz referências há vários tipos de relacionamentos que vão daqueles mais sinceros e profundos até aqueles mais vulgares e pouco significativos. Vejamos alguns deles que refletem sentimentos profundos que ligam pessoas entre si com vínculos duradouros e vitais. As manifestações com essas características costumam aparecer nas relações entre pais e filhos, entre casais, entre pessoas amigas, entre pessoas que se dedicam a causas humanitárias, entre aqueles que abraçam uma missão religiosa. Nessas expressões o amor ganha uma conotação de vínculo, de interesse pelo bem do outro, de entrega gratuita, de sensibilidade, solidariedade e compaixão. Quem ama de verdade está disposto a fazer renúncias pelo bem do outro, de sacrificar-se por ele, de não abrir mão dele em nenhuma circunstância. Capaz de doar-se livremente, sem cobranças ou infidelidades. A marca mais autêntica do amor verdadeiro é aquela em que o indivíduo está disposto a doar a própria vida pela pessoa ou causa amada. Isso significa dizer que compromete o que há de mais seu e único.
Contudo, a palavra amor é usada com frequência em que seu significado expressa outros interesses, mormente egoístas e despojados do sentido de renúncia pelo bem do outro. Visa-se apenas o desfrute do outro como posse e que é facilmente descartável, quando não lhe dá mais satisfação. Isso se verifica sobretudo na área da sexualidade, em que o outro é visto apenas sob o olhar da cobiça e da sensualidade. O outro como “mercadoria” que se usa e se descarta. Quando assim se age, com a pretensão de ser manifestação de amor, na verdade está deturpando o seu sentido e sua origem de “ágape”. Esse amor é falso e enganador, trazendo consequências perversas e muitas vezes trágicas. Quantas pessoas já se suicidaram por terem sido enganadas no amor? Quantas vidas torturadas pela decepção amorosa? Quanta gente que desacreditou do ser humano, por ter sido traída nas promessas, e juras de amor? Quanta ilusão vivida por tantos que nunca experimentaram de verdade manifestações de verdadeiro amor? A palavra amor assim usada foge daquilo que é seu sentido original.
Quando se ouve a palavra amor, na mente ou fantasia de cada um, é interpretada segundo os desejos que tem no coração. Se nele prevalece o sentido verdadeiro, então, leva a pessoa ao discernimento para verificar se contempla ou não o seu significado mais profundo ou se prevalece o interesse egoísta que está vinculado e interpretado segundo seus desejos de posse e desfrute. É muito frequente pessoas de bem serem enganadas pela malicia ou trapaça dos mal-intencionados. São iludidas e levadas pela maldade dos inescrupulosos que perderam a sensibilidade e se deixaram levar por necessidades cultas que satisfazem seus apetites autocentrados.
Para falar de amor, então, é preciso verificar as “intenções”, nem sempre fáceis de decifrar. Contudo, diz o ditado “é pelo fruto que se conhece a árvore de onde vem”.
É da condição humana a necessidade do amor verdadeiro, ninguém será feliz sem a experiência verdadeira dele. Ele esteve na origem da vida! Que ele prevalece sobre suas visões deturpadas e maléficas. Viva o amor verdadeiro!

